DO-EU
364 dias
Foram 364 dias com os cateteres nas costas, dias em que a dor era constante e o tempo parecia não passar. Cada movimento do corpo lembrava o limite, a espera, a vulnerabilidade. Eu não sabia se haveria fim, se o corpo voltaria a ser meu.
Nesse intervalo entre fé e desespero, aprendi a existir em silêncio. O corpo falava o que as palavras não alcançavam. E quando o alívio enfim chegou, senti como se Deus tivesse se voltado para mim outra vez, não como um milagre súbito, mas como uma brisa que toca devagar, devolvendo o fôlego e a esperança.
364 dias foi o tempo da travessia. O tempo de aprender que a fé também pode doer, mas ainda assim, cura.